Spike Lee


Textos

Ela Quer Tudo (1986), por Gilberto Silva Jr.
Lute Pela Coisa Certa (1987), por Eduardo Valente
Crooklyn – Uma Família de Pernas pro Ar(1994), por Gilberto Silva Jr
Todos a Bordo (1996), por Fernando Veríssimo
Jogada Decisiva (1998), por Sérgio Alpendre
Os Verdadeiros Reis da Comédia (2000), por Sérgio Alpendre


Uma introdução

Quando nos preparávamos para estrear esta nova seção na Contracampo, começamos a discutir que tipo de assuntos seriam foco de nossa atenção e voltava sempre a questão do ineditismo, daquilo que somente os mercados de vídeo e DVD (e, claro, TV a cabo, mas neste caso não podemos ter os filmes à nossa completa disposição) poderiam nos permitir acesso. Quando fomos desenvolvendo a idéia, um nome veio à mente como a estréia perfeita para esta seção: Spike Lee. Nenhum cineasta moderno americano com títulos produzidos por grandes estúdios tem sistematicamente sido mais alijado das nossas salas de cinema do que ele. Por isso mesmo, a chance que temos de ver seus filmes e construir uma idéia de obra é sempre apelando para outros meios. Assim sendo, sem a existência de uma seção específica para estes formatos, estaríamos privados por um bom tempo de comentarmos grande e central parte da produção dele.

Buscar as razões para isso nos é menos importante agora do que simplesmente tratar estes filmes com a atenção que merecem. Claro que Spike mesmo diria com certeza que há um componente racista nesta ausência dele do mercado brasileiro, e ele não estaria de todo errado. Porque se nos EUA já se pode falar hoje de um "mercado" específico dos filmes de, com e para negros (embora estas separações sejam quase tão assustadoras quanto as dos anos 50 e afins), no Brasil, onde o cinema virou uma arte de classes altas, o apartheid social disfarçado impede o fenômeno de ser reproduzido. Assim que Spike teria alguma razão pois há sim um componente racista, mas ele não está nos exibidores de cinema (estes são puros comerciantes que vendem o que quer que tenha público), e sim nas estruturas sociais do país.

Mas o que importa realmente é a oportunidade de trazer à tona para discussão seis trabalhos importantíssimos de Spike que escaparam dos nossos cinemas. Haveria ainda espaço para mais dois trabalhos, mas um deles foi feito somente para TV mesmo, então não caberia nesta pauta (e foi comentado na Mostra de SP, ver aqui), e o outro até chegou a ser lançado em cinemas nos EUA, mesmo sendo também uma produção para TV (4 Little Girls), mas infelizmente não conseguimos uma cópia deste filme, já exibido no Brasil na GNT e HBO. É claro que é quase uma pena falar de Spike Lee e não abrir espaço para filmes do quilate de um Faça a Coisa Certa, Malcolm X, Febre da Selva, Irmãos de Sangue, ou ainda o recente A Hora do Show (que possui texto aqui), ou de deliciosos filmes menores como Garota 6, Mais e Melhores Blues ou Verão de Sam, todos lançados em cinema. Mas, temos certeza que os seis filmes aqui lembrados são vitais não só para entender o trabalho deste que é seguramente um dos mais importantes cineastas americanos da atualidade, mas para servir de pedra fundamental do que pretendemos fazer daqui por diante na seção DVD/VHS.

Eduardo Valente