Retrospectiva 2000, parte I

Cinema, televisão, público

Daniel Caetano – A gente terminou o ano, ou melhor, começou este ano com a informação de que a Globo fez um festival com 5 filmes nacionais que todo mundo considera fracos, e mesmo assim, eles foram muito melhor comercialmente, foram muito mais vistos do que os filmes americanos que passaram no horário equivalente. Então, considerando ou não se os filmes são bons ou ruins, o fato é que esses filmes nacionais fizeram frente ao cinema americano.

Eduardo Valente – O problema da exibição na televisão sempre foi mais embaixo, cara, a questão é o custo/benefício. A questão é que, por mais que eles vendam um comercial pelo mesmo preço pros dois, o filme americano é vendido muito mais barato pra eles do que o brasileiro precisa ser. Então eles não passam filme brasileiro simplesmente por causa disso.

Juliano Tosi – Esse problema é velho, do filme estrangeiro já chegar aqui pago no seu mercado interno e o filme nacional tendo que se pagar só com o público brasileiro, o que dificulta ainda mais as coisas, inclusive na hora de se fazer exibir. Mas eu tenho uma dúvida: esses filmes fizeram mais audiência do que os filmes que estavam passando nos outros canais no mesmo horário, ou em comparação aos filmes estrangeiros que passaram na Globo em outras ocasiões?

Eduardo Valente – Em ambos os casos.

Daniel – Teve mais sucesso que os filmes que o SBT passava, teve mais que o Show do Milhão, que aliás tava sempre batendo a Globo, e o cinema nacional venceu, bateu o Show do Milhão.

Eduardo – Digamos que ele não bateu necessariamente os filmes estrangeiros, de maneira direta...

Juliano – Mas a gente tem que considerar uma coisa nisso tudo: os filmes passaram na Globo, que tem uma audiência maior que o SBT e os outros canais.

Daniel – Mas teve semanas que...

Eduardo – ... que a Globo tava perdendo com a programação normal dela.

Eduardo – Basta dizer que o maior sucesso do cinema de um ano atualmente – com exceção de uma coisa bizarríssima como Titanic, que não é caso pra estudo nunca – faz de 2,5 a 3 milhões de espectadores. Num país que tem 180 milhões, você não precisa fazer muita conta pra ver que é ridículo.

Daniel – Nos anos 70 chegava a 10 milhões.

Eduardo – E a platéia era menor, a população do país era muito menor. Então é óbvio que o cinema hoje no Brasil é um fenômeno micro, é simples, micro mesmo. Um filme desses passando... a novela, cara, atinge 80 milhões de pessoas.

Daniel – Por isso que eu acho muito importante esse negócio do cinema brasileiro ir pra um meio onde tá o público. Porque, na verdade, essas restrições de público são numa classe mais baixa, foi esse tipo de gente que parou de ir ao cinema. E é legal de você mostrar que essa história de que, ah não, as pessoas querem ver determinada fórmula, uma historiazinha tal, isso é uma grande mentira: o cinema brasileiro tendo espaço, ele ganha, vai além.

Juliano – Mas de um jeito ou de outro, existe um padrão de qualidade de cinema que é muito mais coisa de classe média que compara com filme americano ou europeu. Porque o pessoal mais pobre e com menos cultura, o povão que não pode mais ir ao cinema e hoje só vê Tv, sempre gostou de ver pornochanchada, chanchada e filme mal feito.

Daniel – Não dá pra dizer que o povão é um só...

Juliano – Eu não tô dizendo isso, eu sei que tem uma cultura bem conservadora e bem forte também...

Daniel – Grande parte do povão tem ódio do cinema brasileiro por causa da pornochanchada. Ele se sente mal em ver mulher nua na tela.

Juliano – Mas tá meio claro que que tem mais preconceito é o pessoal que tem um certo nível de educação, são eles que tem mais aversão ainda de ver o país exposto na tela.

Daniel – Também.

Eduardo – Mas só defende a sério a tese de que o cinema brasileiro deixou de ser visto porque supostamente é ruim a Veja e o Ewald. Uma pessoa com um mínimo de cérebro que começar a discutir os dados, os números mais óbvios...

Daniel – Mas isso você fala da imprensa, porque o preconceito das pessoas que não acompanham, é muito fácil elas caminharem por tabela.

Eduardo – Até porque os preconceitos são feitos pela grande imprensa.

Daniel – Sim, mas é sempre bom a gente ressaltar que também não. Diga-se de passagem que o cinema brasileiro tá sempre sendo difundido, e mesmo dentro desse caso da Globo foi muito divulgado. Porque eu vejo as pessoas dizerem: a Globo tá errada, os filmes são ruins, a gente não pode ficar feliz com o fato de os filmes terem feito sucesso. Porque pra mim é argumento, pra minha família, que as pessoas assistem a Globo, e que não estão envolvidas como eu estou na coisa do cinema, elas terem que ouvir meus argumentos dizerem que não, que se tiver espaço ganha, mesmo que o filme seja ruim, mesmo que eu não goste do filem, eles vão ter um espaço, vão ganhar público.

Eduardo – Até porque se for falar de filme obom u filme ruim e for dizer que o que passa na Globo no horário não é ruim é piada, né cara?

Juliano – A gente tem que derrubar a tese publicista nojenta de que se o filme faz sucesso é porque é bom, a tese do, como diria nosso colega Celso Sabadin, "se você fizer (bem feito), eles virão", eles sendo o público.

Daniel – É uma mentira...

Juliano – É patético alguém defender isso, ainda mais um "crítico" – se fosse o divulgador do filme, vá lá.

Ruy – É uma coisa que encobre, que é feita pra encobrir. Mas o problema é figurar uma cadeia de exibição e distribuição que seja adequada ao perfil de platéia que se quer encontrar e pronto. Você sabendo manter isso, você compõe uma cinematografia nacional. Não vou dizer que não seja importante o padrão de qualidade, agora, que padrão de qualidade é secundário e que no passado nós temos exemplos que demonstram isso, chanchada, pornochanchada e soft-porn, entre outros exemplos.

Eduardo – O que a gente tem que discutir muito a sério, especialmente nesse ano, com a história do Auto da Compadecida etc. e tal, tem que se discutir muito a serio a história da televisão. Porque eu acho que esse dado, a gente tem que repetir quantas vezes for: o filme mais bem sucedido vai atingir 3 milhões de pessoas, no máximo, num país de 180. A gente tem que arrancar a nossa cabeça do buraco de avestruz das salas de cinema, achando que os números em torno disso são importantes num fenômeno global, porque eles são muito limitados, por mais sucesso que façam.

Daniel – Na realidade, a sala de cinema é um trampolim, quer dizer, a partir do momento em que Carlota Joaquina e Central do Brasil fazem um tremendo sucesso nas salas de cinema e alcançam o seu milhãozinho, eles se habilitam a poder passar nas grandes redes da TV.

Eduardo – O que é interessante é que o lucro pode ser medido de uma forma mais fácil, por exemplo: O Auto da Compadecida ter sido visto por 2 milhões e 300 mil pessoas é muito legal, é divertidíssimo, o maior divertimento do Brasil do ano 2000, da retomada inteira e blá-blá-blá. Só que fora isso ela já tinha sido vista antes por 80 milhões de pessoas. Então em termos de O Auto da Compadecida isso não significa quase nada, cara.

Daniel – 80 não...

Eduardo – 50, que seja. Não importa, se for 20 milhões, 10 milhões, é 10 vezes mais do que o cinema. É isso que tem que ser discutido. O que é interessante é pensar esses filmes, esses produtos que juntem televisão com cinema, eles reproduzem uma situação que é interessante pro cinema brasileiro, pra gente discutir a questão em torno de lucratividade financeira, que é que ela reproduz a situação do cinema americano chegando nas salas, que é o quê? Ele já está pago. Aí é que tá um fator interessante e que tem que ser discutido pela gente 500 vezes porque senão a gente vai perder o bonde da história, e vai ficar falando mal da Globo: é interessante pra televisão também fazer uma negociação com o cinema. É isso que é diferente que a situação do Auto da Compadecida comprova, do que antes você discutir assim: aquela coisa que era um discussão meio chata, dos cineastas dizendo: não, a televisão tem que financiar, tem que se ligar ao cinema, porque a gente tá querendo fazer filmes e a televisão pagando, é uma forma. E parecia aquele discurso do cineasta que precisava da televisão, mas a televisão não tinha nenhuma utilidade pro cinema brasileiro. O Auto da Compadecida prova que não. Por que o que acontece? Você tem um produto que já está pago, você faz um investimento mínimo que eles fizeram em kinescopagem e em distribuição e aí você tem 11 milhões de lucro bruto, que nem na televisão tem.

Daniel – Até porque tem essa divulgação maravilhosa de ter passado na televisão. Talvez O Auto da Compadecida não seja um bom cinema, mas a partir do momento que você pode fazer um filme que estréia primeiro na Tv, se paga, e depois vai entrar no circuito pra pegar o que pode, o que é possível ainda.

Eduardo – Ou mesmo que estréie primeiros nos cinemas e depois na televisão, porque também acontece em outros lugares do mundo. Só tem que analisar que a relação cinema e televisão ela permite uma opção de lucro com investimento no cinema, o que é um caminho que deve ser sempre considerado importante. É óbvio que isso não exime a questão do produto cultural, artesanal, de investigação, com os incentivos do governo. Mas você tem que analisar o lado do lucro com inteligência também, e se os cineastas não perceberem que agora é o momento das televisões verem que o cinema é interessante pra elas também, é o momento da gente discutir isso: o que interessa a nós dessa parceria sair de bom pro cinema também. Porque até agora ela só foi boa pra televisão. Então agora que é o momento de investir e virar esse jogo um pouco.

Ruy – O jornal deu anteontem um projeto de lei que pretende fazer uma nova regulamentação acerca de televisão, de filme brasileiro passando na televisão e passando nas salas de cinema, pretende-se que pelo menos um dia por semana de cada sala de cinema seja dedicado ao cinema brasileiro, e a mesma coisa pra televisão. E canal a cabo tem que passar um filme por dia.

Daniel – Na verdade é um projeto que pede mais do que vai conseguir e ainda tão pedindo menos do que deveria ser.

Ruy – É um esforço de regulamentação, é um primeira tentativa de dialogar com a televisão, e mais que...

Daniel – Mas já tá sendo bobardeado, já estão dizendo que o cinema brasileiro não tem capacidade de produzir o número de filmes que a lei demanda.

Eduardo – Mas aí é que eu acho que a questão vai ser interessante, porque a gente vai acabar levando a televisão a produzir cinema. Isso não é nem um pouco desinteressante...

Ruy – Na Europa, o cinema francês sobrevive com o Canal +, Arte...

Eduardo – Tem a Film Four...

Daniel – A Film Four dá a grana pra produtoras independentes.

Ruy – Mas tem que ser independente, não é Globo que tem que fazer não. A Globo tem que dar fundo, tem que ter taxa pra isso.

Juliano – Isso que o Eduardo comentou, que dizem que o cinema brasileiro não vai ter capacidade pra preencher esse espaço, é a mesma idéia que as pessoas diziam a cada vez que se aumentava a taxa de exibição de cinema brasileiro nas salas, que começou com um filme por ano e chegou a quase cem dias nos anos 70, e sempre diziam: não, o cinema brasileiro não vai ter capacidade de atender a essa demanda. E atendeu, sempre atendeu, tão bem ou melhor quanto o estrangeiro, por mais que se falasse contra. Por que? Em primeiro lugar, porque tem é claro um certo monopólio americano. E o negócio é que se não tem um mercado suficientemente disponível, não vai ter filme brasileiro produzido. A partir do momento que você facilita a exibição e o contato desses filmes com o público, você viabiliza a produção, e vai ter sempre filme sendo realizado. Os caras querem inverter uma coisa simples. Mas tem um outro lado também: como a gente tá falando aqui, eu acho que o cinema brasileiro tem diversos problemas que não estão sendo discutidos, as pessoas estão colocando os problemas sempre em termos de mercado, de público como fator unicamente financeiro – em boa parte a gente mesmo tá fazendo isso aqui – e eu queria colocar os problemas também de outra maneira, eu queria colocar eles em termos de acesso das pessoas ao filmes. Como os filmes chegam às pessoas? Qual o tipo de relação, de diálogo que o cinema brasileiro tá exercendo com o seu público, e qual o tipo de diálogo que ele tá deixando de ter, com as pessoas que não vão mais ao cinema? O que mudou nesse momento em que as pessoas se dispõem a pagar ingresso, quando podem, pra ver um filme brasileiro nas salas? A relação, e o alcance dela, é a mesma de 50, 40 ou 20 anos atrás? Isso tudo é um problema? Uma das grandes questões que eu vejo, que a gente já tocou nela hoje, é que o cinema hoje virou coisa de gueto de classe média, quase todo ele. Não só o cinema brasileiro, claro, mas por exemplo: a Riofilme patrocina o Espaço Unibanco. Eles vão lá, dão um financiamento e patrocinam o Espaço Unibanco – o que é muito bonito, tem que ser feito mesmo, é uma garantia de exibição dos filmes. Mas por que eles não patrocinam sala pra passar cinema brasileiro em outros lugares, na zona norte? Primeiro porque a faixa do público com que eles estão se relacionando eu acho que não precisa desse patrocínio, ou pelo menos precisa menos. Segundo porque o público tradicional do cinema brasileiro, mais fiel, e isso você pode ver pela chanchada, pela pornochanchada, é um público de outra classe, que não tem acesso ao cinema brasileiro hoje, a não ser como exceção. E isso até interfere no tipo de filmes que são produzidos, porque a grande maioria dos filmes são para um círculo limitado – e eu posso até adorar alguns desses filmes, mas tenho que reconhecer esse fenômeno, quase como regra que é hoje, é até contra uma tradição de diálogo do cinema brasileiro, que foi a que viabilizou um grande número de filmes em outras épocas.

Eduardo – Supostamente isso inclusive vai ser feito esse ano por causa do Fundo Estadual de Cinema que tá sendo criado com orçamento de 12 milhões de reais pelo Garotinho.

Juliano – Agora. Mas é clássico isso no cinema brasileiro que, se querendo ou não, gostando ou não, a maior parte do público é de classe baixa, que foi ali que o cinema brasileiro conseguiu ser viável.

Daniel – Isso daí tem muita gente hoje em dia argumentando que o cinema brasileiro deve se preocupar com uma coisa artesanal e que deve se preocupar sim com um produto diferenciado. Isso daí o Carlão Reichenbach já defendeu isso aí pra gente na Contracampo, com uma disputa de fato com o cinema europeu, que o cinema de ação americano não tem como tirar, que o cinemão americano já tomou o espaço. Eu discordo disso veementemente, eu até escrevi contra isso. Mas é preciso também notar eu existe sim esse pensamento, de que o espaço do cinema brasileiro é o espaço do Espaço Unibanco. Eu acho inclusive isso errado.

Juliano – Eu acho muito bacana esse lado do Espaço Unibanco, a gente tá sempre lá, os melhores filmes eu acho que passam lá mesmo, mesmo que junto a um eruditismo idiota, mas tem também o outro lado... Como a gente falou agora de televisão, que os filmes brasileiros tiveram mais audiência na televisão que os americanos, isso mostra que existe sim um espaço virtual pro cinema brasileiro conseguir uma comunicação maior. Esse é um dado que a gente tem que levar em conta. Mas é o seguinte: as pessoas que querem ver esses filmes, quais as chances que elas têm? Eu não quero nem entrar nos méritos dos filmes em si agora, apesar de isso ser fundamental e a gente falar disso depois, mas eu acho que é importante o cara ter acesso a uma imagem que não seja estrangeira. E qual a chance do cara que mora, sei lá, em Bangu e quer ver Central do Brasil, por exemplo?

Ruy – Só se ele pegar em vídeo.

Juliano – E olha que Central do Brasil fez sucesso, teve mais de um milhão de público...

Daniel – Mas tudo isso que você tá falando, Juliano, teve alguns hiatos em que a coisa prometia ser um pouco melhor mas em nenhum momento a coisa se estabilizou funcionando. Quer dizer, esse problema do cinema brasileiro não conseguir chegar ao público ele vem desde que o videocassete entrou e os americanos dominaram direto, desde que os vídeos pornos acabaram com o mercado da pornochanchada, o videocassete chegou a se candidatar a ser um cinema em vídeo, o cinema nacional não conseguiu entrar nesse mercado de uma maneira legal, e a Tv nunca deu o espaço que a gente deveria ter. Então desde os anos 70 que esse problema já vem se instalando. Aí você vem me dizer que de 99 pra 2000 houve uma decadência. Eu tô querendo dizer que isso não aconteceu.

Juliano – Mas primeiro eu acho que a gente que se pautar pelos momentos mais notáveis, os ciclos – porque é disso que o cinema brasileiro é feito – mais interessantes. É claro que esses problemas já existem há muito tempo, esses problemas de acesso do cinema braileiro ao público não são de hoje, e eu não sou bobo de achar isso. Essa retomada...

Daniel – No início ds anos 80, na maior covardeza, na época do Sarney, só se conseguia fazer cinema quando o Celso Furtado conseguiu um dinheirinho pra botar na Embrafilme. Na época do Sarney foi assim: o Celso Furtado botava um dinheirinho então saía 4, 5 filmes. Quer dizer, chegou a um momento de crise que ficou fácil pra um presidente mais canalha justificar que a estratégia é fechar a embrafilme e não deixar nada. Que todo mundo achava: ah, é uma coisa absurda. Então a gente já tava entrando num ponto em si problemático, que em 83, 84, 85, já tava nessa.

Juliano – Eu concordo com você, eu não tô dizendo o contrário. Eu só acho que de 94, quando começou a retomada, pra cá, em momento algum alguém pensou em fazer um cinema que não fosse pra classe média de Espaço Unibanco. As raras tentativas de se fazer isso foram quase todas fracassadas. Você pega quase 90 % dos filmes são feitos pro Espaço Unibanco, só passam ali. Esse não é um problema? Mas eu não vejo ninguém colocar isso.

Daniel – É, mais ou menos, o Barreto e o Neville, eles querem fazer um filme pra ganhar público, assim como a Xuxa e o Renato Aragão. A Conspiração quer fazer filme pra ganhar público.

Eduardo – Eu acho que tem que ter uma problematização um pouco maior, cara, porque isso não é uma questão de cinema brasileiro. Se o filme hoje em dia é feito pra classe média é porque é a clase média que vai hoje no cinema e ponto. Seja cinema brasileiro, seja cinema americano, seja cinema de onde for.

Daniel – Vai pras salas de cinema.

Eduardo – Exatamente.

Juliano – O cara que faz filme em Hollywood não tá preocupado com isso, mas o cara que faz filmes brasileiros eu acho que de alguma maneira tem que pensar nesse problema sim, mesmo que seja pra dizer dane-se, vou fazer meu filme pros amigos.

Eduardo – O problema é maior... Há uma produção de filmes no Brasil. Do lado dos produtores, eu até acho muito pragmático da parte deles, eles fazem os filmes pras pessoas que vão ao cinema hoje em dia.

Juliano – Mas na verdade o que a gente tá acontecendo, na maioria das vezes, é que se faz um cinema médio, ou medíocre: nem um cinema marginal, experimental, pra instigar, nem um cinema de comunicação de fato, cinema popular, até vulgar mesmo, com a gente já teve de uma maneira bem interessante. O que eu acho que o cinema brasileiro tá no meio do caminho: nem tem a coragem de assumir como marginal e fazer um produto de alcance limitado, transgressor, nem procura de fato uma comunicação com o publico, a não ser por paliativos e falsidades... é um cinema de classe média que se faz hoje, e eu não sei se esse é o melhor caminho. e limitado, transgressor, nem procura de fato uma comunicação com o público, a não ser por paliativos e falsidades... é um cinema de classe média que se faz hoje, e eu não sei se esse é o melhor caminho.

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Os filmes: O Auto da Compadecida, Quase Nada, Bossa Nova, Oriundi, Hans Staden, Villa Lobos
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Cronicamente Inviável, Estorvo, Eu Tu Eles, Através da Janela, Amélia
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