Essa sessão é atualizada semanalmente.

ARTIGOS
Máscara Negra 2, de Tsui Hark (HBO, dia 26/3, 17:30)
por Guilherme Martins (26/03/2004)

24 Horas no ar
por Luiz Carlos Oliveira Jr. (20/03/2004)

Um não-evento televisivo (São Paulo X Juventus)
por Filipe Furtado (20/03/2004)


filmes da semana (27 de maio a 02 de junho de 2004)

Dia 27
Com quantos filmes se faz uma semana? Pouco importa a resposta, essa agora tem filmes suficientes para criar comichão. Como não acontece sempre, comecemos a agradecer aos deuses da cinefilia: eis uma semana que mistura raridades interessantes, excelentes estréias recentes e obscuridades com as quais gostaríamos de travar contato. O cinéfilo, seja ele das salas (de cinema) ou da sala (de estar), se compõe dessas três partes, com proporções variáveis segundo o gosto de cada um, naturalmente. A começar, na semana: o Eurochannel, no quadro de sua Noite Nostalgia, presta homenagem a Alberto Sordi, um dos mais populares comediantes do cinema italiano, tendo passado pela mão de Fellini (Os Boas Vidas, Abismo de um Sonho) e Monicelli (A Grande Guerra), entre outros. O canal exibe dois filmes de Sordi dirigidos pelo também lendário Steno, eficiente artesão que assinou grande parte dos filmes de Totò. Às 22:00 passa Um Americano em Roma (Un Americano a Roma, 1954) e, às 23:40, O Juiz Dirige a Comédia (Un Giorno in Pretura, 1954). Nos dois filmes, Sordi interpreta o mesmo personagem, Nando Moriconi. Curiosidade: também em ambos os filmes, o roteiro foi escrito, entre outros, por Lucio Fulci.
Dia 28
Evitemos recomendar o belo Vivendo no Limite (Bringing Out The Dead, 1999) de Martin Scorsese, que passa às 22:00 na TNT. O filme não merece os cortes pudicos e as inserções comerciais onipresentes. Podemos, ao contrário, sintonizar no Canal Futura para matar a curiosidade de assistir a um filme protagonizado por um casal imprevisto, mas que fez três filmes juntos: Spencer Tracy e Jean Harlow. Os dois outros foram comédias (Goldie, 1931; Libeled Lady, 1936), mas o que passa é um drama criminal: Sindicato da Vida (Riffraff, 1936), dirigido por um quase anônimo J. Walter Ruben. 23:00. Jean Harlow morrerá um ano depois, aos 26 anos de idade, enquanto Spencer Tracy encontrará logo depois, numa série de filmes com a parceria de Katherine Hepburn, o papel de marido padrão que o transformará numa lenda.
Dia 29
Sinais é um filme pra lá de incompreendido. O terceiro longa-metragem de M. Night Shyamalan é, como toda a (ainda pequena) obre desse realizador, sobre crença e morte. Que ele venha instalar suas preocupações no seio de gêneros considerados menores (ficção científica, terror) e hoje já um tanto desacreditados por não serem mais a bola da vez, é sintomático. Shyamalan lida com a possibilidade do renascimento de uma certa relação com o cinema que hoje existe muito pouco ou simplesmente não existe mais. Daí que Sinais, talvez o melhor filme de seu realizador (é a opinião veemente do que escreve estas linhas), é quase um remake de O Sacrifício, último filme de Andrei Tarkósvki. Em jogo a mesma coisa: o fim do mundo bate à sua porta, e diante disso o que você faz, a que coisas você se prende, quais contas prestar com sua existência? O resultado é comovente. O filme estréia na HBO às 21:00. Atenção para a desconstrução do corpo de herói de Mel Gibson, muito relevante hoje, no momento em que Gibson se transforma numa figura pública que defende um certo catolicismo canhestro. A esse respeito, aliás, Sinais é o anti-Paixão de Cristo.
Dia 30
O Homem sem Passado (Mies vailla menneisyyttä, 2002), de Aki Kaurismäki, passou um tanto batido pelas salas nacionais, mesmo tendo sido premiado em Cannes e recebendo indicação de filme estrangeiro no Oscar. Para aqueles que não puderam ver, o filme estréia no Cinemax às 22:00. Mesmo que não acrescente nenhum traço novo à obra de Kaurismäki, o filme mistura lirismo e humor de uma forma muito seca, criando a partir de um princípio fabular – um homem que perde completamente a memória e precisa começar do zero – um diagrama sobre coerção social e sonho de comunidade (que, aqui, é a comunidade dos desassistidos). A crítica do filme, que entrou nos "dez mais" da Contracampo no ano passado, você pode ler aqui.
Dia 31
Primeiro filme de Victor Lima, O Rei do Movimento (1955) estréia no Canal Brasil às 23:30. Roteirista das principais chanchadas assinadas Burle ou manga (Carnaval Atlântida, Nem Sansão Nem Dalila, entre inúmeros outros), Lima teve carreira longa como realizador (36 longas-metragens) e passou por diversas fases do cinema brasileiro mais voltado ao consumo rápido: filmes de cangaceiro, policiais, mas sobretudo comédias, onde pode dirigir Grande Otelo, Ankito, Costinha, Renato Aragão, entre outros. O Rei do Movimento, chanchada sem tirar nem pôr, é estrelado por Carlos Duval e Janet Jane.
Dia 01
Mais Que a Terra (1990), de Elizeu Ewald, faz parte da lista de filmes invisíveis do imediato pós-Collor, quando uma série de filmes nacionais se viu sem oportunidade de distribuição, mesmo mínima. O filme toca uma questão que ficou atual ao longo da década de 90: Stênio Garcia deixa a cidade para trabalhar no campo, e enfrenta problemas com a posse de terra. O filme passa no Canal Brasil às 21:00, e reprisa no dia seguinte às 17:00.
Dia 02
Enquanto os cinemas se preparam para exibir O Dia Depois do Fim do Mundo, o Telecine Action exibe Estação 44 – O Refúgio dos Exterminadores (Moon 44, 1990), último filme do alemão Roland Emmerich realizado fora dos EUA e espécie de portfólio para dirigir em Hollywood. Vale a curiosidade. Estréia às 23:30, trinta minutos antes do fim do dia, não do mundo.
Ruy Gardnier


 
Pânico na TV

contra-regra

O dominical Pânico na TV já não é exatamente nenhuma novidade. Desde o início deste 2004, vem se destacando como uma das melhores estréias em televisão dos últimos anos, sendo certamente o melhor humorístico no ar hoje na televisão aberta brasileira. A forma com que conjugam o humor burlesco com a crítica metalinguística da própria cultura de massa em que estão inseridos, alcança (não raro) momentos brilhantes.

leia mais

FILMES

Ali, de Michael Mann
por Paulo Ricardo de Almeida

O Círculo Vermelho (Le Cercle Rouge), de Jean-Pierre Melville
por Paulo Ricardo de Almeida

Paris No Verão (Haut Bas Fragile), de Jacques Rivette
por Ruy Gardnier

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