3 IRMÃOS DE SANGUE
Ângela Patrícia Reiniger, 3 Irmãos de Sangue, Brasil, 2006

Pode se dizer que 3 Irmãos de Sangue é mais um do infinito lote de documentários que parecem feitos para passar num canal de TV a cabo. Isso, no entanto, não faz dele necessariamente um filme desinteressante. Se seu trabalho visual é pobre, salvo em alguns usos de fotografias, há um trabalho muito bom de pesquisa das imagens de arquivo. Porque o filme se impõe um desafio natural, que é o de colocar estas três figuras, os irmãos Henfil, Chico Mário e Betinho, falando em cena com a mesma naturalidade que todos os eventuais convidados a dar depoimentos, trazendo sempre as opiniões mais relevantes e menos auto-reverenciais, ainda que os irmãos nutrissem muito respeito uns pelos outros. É notável a seqüência em que Henfil fala que expulsou Chico Mário de casa para que ele se tornasse um pouco mais sociável.

À parte a curiosidade de ver estas imagens tão particulares – a grande maioria delas é material previamente mostrado em algum outro veículo de imprensa –, o filme carece de qualquer outra força ou ponto, não sendo tão interessante como narração da vida dos três irmãos, que é seu único mote. Não traça uma idéia política, a não ser na repetição do discurso das figuras documentadas, e nem propriamente repercute este discurso. É um filme perdido: se feito num corte menor pra ser exibido na TV, deve perder alguns de seus poucos bons momentos, mas exibi-lo no cinema simplesmente não faz sentido.

Guilherme Martins