TUDO É
BRASIL é um caso mítico como filme
de cinema. Ainda envolto em incertezas e circunstâncias
aparentemente inverossímeis reveladas em respeito
a verdade e ao fascínio de uma personalidade
– essencialmente contraditória – que criou seu
próprio tempo e assustou o Brasil, agindo como
um indivíduo que carregava uma multidão.
Memória histórica
e visual da cidade do Rio de Janeiro, TUDO É
BRASIL é mais que um filme, é feito
de pedaços de tudo que se passou, encontrando
um caminho que permite seguir adiante – trata-se de
um caleidoscópio sonoro – sobre a transformação
dos anos quarenta. Seqüências rigorosamente
inesquecíveis – até então dadas
como perdidas – fazem parte do repertório audiovisual.
A meta é reconstruir
o passado à luz das inquietações
atuais, reconstruindo um momento importante, período
ou processo da nossa história recente – mas já
distanciado pela ação do tempo – tendo
como inspiração um fato real cheio de
significação.
Afinal, apresentamos audiovisual
histórico – sons e imagens da época –
sobre um mito do cinema, um dos ícones de nosso
tempo, preocupado em refletir e valorizar as origens
da nossa cultura tropical. Orson Welles além
de tudo despertou o nacionalismo. Filmou nussa realidade
escondida, tirando-a de debaixo do tapete, encantado
com a espontânea criatividade do povo brasileiro.
Nesse filme, de caráter
internacional, o Brasil é visto como um laboratório
de idéias e a força motriz é o
Rio, o espelho do país, a capital cultural. O
longa metragem, nada mais é que um caso de amor
não correspondido entre o nosso país e
o maior cineasta do mundo.
Essa é uma das mais desconhecidas
e polêmicas histórias sobre um dos mitos
essenciais de nosso tempo. Para o Brasil, é a
causa. Todo o resto que lhe advém e todos os
cienastas brasileiros de todas as épocas praticamente
lhe devem tudo.
O filme é um espetáculo
de brasilidade. Uma lição para nunca mais
ser esquecida, uma produção de uma hora
de eternidade e meia de instantâneos. Além
de imagens de época – inéditas e rigorosamente
– TUDO É BRASIL mostra um jeito de ser
bem brasileiro, filmando-o criativamente. Além,
é claro, da trajetória desse grande cineasta.
Rogério Sganzerla
(do press-release do filme Tudo É Brasil,
1997)
|