O primeiro livro da equipe da Contracampo

Onde obter: Diretamente no site da Azougue ou em diversas livrarias

Já chegou às livrarias o primeiro livro publicado pelo selo Contracampo, fruto da parceira entre a Associação Cultural Contracampo e a Editora Azougue. "Cinema Brasileiro 95-05 – Ensaios sobre uma década" é uma revisão crítica radical dos últimos dez anos do cinema brasileiro, reunindo artigos de redatores e colaboradores de Contracampo, abordando desde análises temáticas e estilísticas até estudos sobre alguns dos aspectos e efeitos das políticas culturais vigentes no país no período. Com 352 páginas, o livro reúne ainda entrevistas inéditas com alguns dos principais nomes da realização cinematográfica no país, como Beto Brant, Tata Amaral, Paulo Sacramento, Walter Salles, Carlos Reichenbach, Fernando Meirelles, entre outros. Para além dos clichês cansados da "retomada" ou da "diversidade", o livro se debruça sobre o cinema brasileiro de forma ao mesmo tempo apaixonada e crítica, destrinchando aspectos, apontando caminhos, confrontando a preguiça. Que vontade de cinema reside hoje em nossos filmes? Que caminhos eles traçam em comum ou em divergência? Para além da sobrevivência de uma cinematografia, o que pode hoje o cinema brasileiro?

Os textos são divididos em três partes: Temas e Gêneros; Abordagens; e Características Históricas, seguidos por duas crônicas que comentam as relações do cinema brasileiro com a crítica e o público. Nomes como Fernando Bonassi, Joel Pizzini, Silvio Da-Rin, Walter Carvalho, Domingos Oliveira, Jorge Furtado, Sara Silveira e Cezar Migliorin também contribuem através de entrevistas inéditas.

Já no texto de abertura (assinado pelos redatores Daniel Caetano, Eduardo Valente, Luís Alberto Rocha Melo e Luiz Carlos Oliveira Jr.) de “Cinema brasileiro 1995-2005 – Ensaio sobre uma década”, os autores se propõem a não poupar modelos e vícios estruturais que se instituíram no período, apontando os impasses e as fragilidades das produções, intimamente ligados às falhas do próprio sistema de incentivo, produção e difusão dos filmes. O livro coloca em foco a fragilidade de um cinema que, se teve a capacidade de revelar alguns talentos e produzir filmes admiráveis, deixou clara a ausência de força para delinear movimentos estéticos, vestindo em contraponto as “máscaras ideológicas” de uma retomada amuletada no discurso da diversidade: “Sem nome e sem rosto, assim se passaram dez anos de cinema no Brasil”, escrevem os redatores. Uma toada crítica que se estende à análise de alguns pontos centrais da Lei de Incentivo hoje em vigor no país, mapeando os caminhos traçados por um sistema de produção que “viciou-se no uso de incentivos”, caracterizado como uma forma institucionalizada de “esmola pública”.

Este panorama histórico do período é apenas o começo de um livro que reúne ainda mai catorze outros textos, que tratam de temas como o uso constante das narrações em off; a produção de curtas em favelas e comunidades; a emergência de filmes dirigidos por mulheres; a produção de comédias românticas e sentimentais; os projetos de cinema que não conseguiram chegar ao público, entre outros.

“Cinema brasileiro 1995-2005 – Ensaios sobre uma década” traz ainda uma lista de todos os longa-metragens brasileiros exibidos comercialmente e em festivais entre 1995 e 2004, complementada por outra parcial – até o mês de outubro – dos filmes estreados em 2005.

Cinema brasileiro 1995-2005 – Ensaios sobre uma década
352 pgs.

Publicação: Editora Azougue e Associação Cultural Contracampo

Organização: Daniel Caetano

Ensaios:
1995-2005: Histórico de uma década
Daniel Caetano, Eduardo Valente,
Luís Alberto Rocha Melo, Luiz Carlos Oliveira Jr.

Fugindo do inferno – A distopia na redemocratização
Cléber Eduardo

Gêneros, produtores e autores – Linhas de produção no cinema brasileiro recente
Luís Alberto Rocha Melo

Homens sem sombra – Uma tendência intelectual em tempos recentes
Guilherme Sarmiento

Encontros e desencontros – Comédias de situações e a construção do espaço urbano no cinema brasileiro recente
Paulo Ricardo de Almeida

Que história contar?
Juliana Fausto

Da imersão, ou como a postura cinematográfica determina uma postura social
Tatiana Monassa

Dos modos de performance: a figura do ator no cinema brasileiro contemporâneo
Filipe Furtado

"Eu é um outro" – Variações da narração em primeira pessoa
Cléber Eduardo

Retrospecto em fragmentos
Luciana Corrêa de Araújo

A angústia de Narciso: imagens da classe média no documentarismo brasileiro
Arthur Autran

Oficinas em perspectiva
Bernardo Oliveira

História Espectral do Cinema Brasileiro (1995-2005)
Filipe Furtado

Jairo Ferreira e o ano 2000
Inácio Araújo

Nós (cinema brazuca em situação pós-colonial)
Daniel Caetano

Entrevistas:
Técnicos:
Sara Silveira (produtora)
Fernando Bonassi (roteirista)
Silvio Da-Rin (técnico de som)
Walter Carvalho (diretor de fotografia)
Cezar Migliorin (montador)

Cineastas:
Beto Brant
Carlos Reichenbach
Domingos Oliveira
Fernando Meirelles
Joel Pizzini
Jorge Furtado
Paulo Sacramento
Tata Amaral
Walter Salles