Como Perder um Homem em 10 Dias,
de Donald Petrie

How to Lose a Guy in 10 Days, EUA, 2003


Logo após um início francamente assustador, tanto pela apresentação dos personagens quanto pelo trabalho visual absolutamente porco, até há um momento em que o filme de Petrie parece que vai engrenar: quando ele se livra de introduzir a absoluta e deliciosamente inverossímil premissa que dá origem à trama principal, o filme entra num clima de comédia maluca bastante interessante, pois nenhum dos personagens age de acordo com suas intenções, e isso cria uma série de confusões e mal entendidos que remetem ao melhor da comédia de erros, encenado até com alguma graça em muitos momentos, nos quais o filme parece que vai se aventurar num inesperado (e bem vindo) mau gosto e sexualidade latente.

Só que, inexplicavelmente, o diretor permite que duas coisas aconteçam: primeiro que o filme de alongue de forma dolorosa, onde toda frescura se perde, e onde logo, logo, o que era inesperado torna-se repetitivo. Segundo: numa cena que surge absolutamente do nada (uma visita da heroína à casa dos pais do herói), o filme vira 180 graus em direção à comédia romântica mais convencional possível, quebrando todo e qualquer encanto ou diferencial que pudesse possuir até então. Resta ao filme a função que de fato parece querer exercer acima de todas: fazer com que os casais na platéia suspirem coisas do tipo "Ai, como seria maravilhoso namorar a Kate Hudson/Matthew McConaughey, mas não tendo eles, tudo bem, fico com isso aqui do meu lado, que ainda é melhor do que nada". Não chega a ser função das mais nobres, mas o filme parece satisfeito em se limitar a isso.

Eduardo Valente