Jet
Li - o japinha que é um dos mais respeitados
astros de ação do cinema - conseguiu sobreviver
ao Tsunami, apesar de estar hospedado em um hotel atingido
pelo desastre (aliás, eu sempre disse que o mar
não prestava. Talassofóbico, eles diziam.
Quem está certo agora, hein? Hein?). Ao ouvir
as primeiras notícias sobre a onda, ele agarrou
a filha pequena e correu do hotel até um lugar
mais alto, momentos antes de fazer parte de uma estatística
cruel.
Isso me lembra daqueles casos
como o de Lou Ferigno, o primeiro Hulk, que impediu
com as próprias mãos que o carro com seus
filhos caísse em um barranco, à custa
dos tendões de seus dois braços. Ou então
o caso da maior personalidade de toda história
do cinema, Clint Eastwood, que entrou em uma casa em
chamas para salvar a ex-mulher. E olha que era a EX-mulher.
O que leva à questão:
Não é fascinante quando a persona fílmica
do ator consegue se sobrepor à sua persona ordinária,
medíocre, insegura, que peida, tem espinhas,
arrota, diz 'call me daddy' quando trepa?
O cara está lá,
sendo um homem como qualquer outro, quando uma coisa
fora de seu controle faz com que ele tenha que assumir
seu alter-ego para o bem comum. Ou o seu próprio.
O que seria de Jet Li se ele não tivesse virado
o Jet Li naquele exato momento e corrido pelas ruas
de Sumatra para fugir da onda gigante? E se ele tivesse
continuado sendo apenas Jet Li e fosse levado junto
com seu hotel para dentro do oceano?
É claro que existem as
exceções. Existem as personas fílmicas
inúteis. Como quando Val Kilmer passou a achar
que era realmente Jim Morrison durante as gravações
de The Doors. Óbvio que ele não
ia salvar ninguém de uma casa em chamas. A única
maneira da persona fílmica de Jim Morrison se
fazer útil seria morrendo de overdose e livrando
o mundo de seu hospedeiro, o Val.
Mas voltando à vaca fria,
o que eu queria dizer é que deveria ser feito
um trabalho mais sério para convencer os atores
de que eles são os seus personagens. Seria um
grande avanço para a sociedade. Pequenos grupos
de uma força especial composta de atores enlouquecidos
poderiam ser criados, salvando o mundo de ameaças
que ninguém mais seria capaz de conter. Convençam
Lucy Liu, Drew Barrymore e Cameron Diaz de que elas
podem realmente se pendurar em helicópteros e
dar golpes de kung fu em posições insinuantes.
O mundo precisa de mais grupos de cocotas que lutem
contra o crime.
E as possibilidades são
infinitas. Imaginem: Clint Eastwood está hospedado
em Sumatra. O Homem ia lá, subia no terraço
do hotel, manjava aquela onda de doze metros, mastigava
os dentes, cuspia fumo, sacava sua Magnum - Do you
feel lucky, PUNK? A onda não ia ter culhão.
cem mil vidas seriam poupadas com uma careta e um par
de olhos apertados.
É uma idéia que
eu estou dando assim, de graça, pra vocês.
Podem anotar aí, eu finjo que não estou
olhando.
Tiago Teixeira
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