Próximas e nem tão
próximas estréias

Já que admitimos
desde o editorial o fato de que este tipo de levantamento começa
a caducar assim que terminamos de realizá-lo, é importante
também listar aqui quais serão os próximos "estreantes"
que já já esperamos ver com seus longas sendo exibidos
no Brasil.
A lista,
obrigatoriamente, precisa começar pelo Festival de Gramado, que
acontece em menos de 15 dias, e cuja seleção este ano,
quase toda de estreantes recentes, foi responsável em parte pela
idéia desta pauta. Na categoria de longas documentários,
todos os concorrentes são estreantes, mas Paulo Sacramento e
Evaldo Mocarzel já estão na lista por terem exibido seus
filmes antes em outros festivais. Já Bebeto Abrantes concorre
com um filme que não é, oficialmente, um longa, pois tem
52 minutos de duração (o tempo-padrão da hora de
programação das TVs a cabo). Então, dos 4 concorrentes
o único que fica faltando aqui na edição é
O Risco – Lucio Costa e a Utopia Moderna, de Geraldo Motta Filho
(que entrou recentemente na programação, substituindo
o já listado Paulinho da Viola). Entre as ficções,
dos 5 concorrentes, quatro se aplicam à esta lista e estão,
portanto, ausentes. Um deles é um segundo filme (Noite de
São João, de Sérgio Silva, listado por Anahy
de las Misiones), e outros três são estréias
completas em longa: De Passagem, de Ricardo Elias (ex-aluno da
ECA-USP, realizador de curtas); Dom, de Moacyr Góes (que
começa no teatro, e já passou pela Rede Globo); e O
Preço da Paz, de Paulo Morelli (um dos diretores a sair da
O2, de Fernando Meirelles, e que além de publicidade, foi muito
premiado com o curta Lápide). É interessante que
até o fim do ano, Góes e Morelli não só
já farão parte da lista de estreantes, como da muito mais
seleta lista dos estreantes com 2 longas no currículo: Morelli
já terminou Viva Voz (filme contemporâneo, enquanto
seu filme de Gramado é uma produção de época)
e Góes finaliza Maria – a Mãe do Filho de Deus,
produção voltada para um lançamento comercial grande,
contando com o Padre Marcelo Rossi no elenco e como um dos idealizadores
do projeto.
Uma grande
lista de realizadores deve exibir seus filmes de estréia ainda
este ano, nos festivais do Rio, São Paulo ou Brasília, ou
em lançamentos comerciais mesmo. Entre eles temos experientes e
premiados curtametragistas como José Roberto Torero (Mais uma
História de Amor), Leila Hipólito (As Alegres Comadres),
José Araripe (Esses Moços), Eliane Fonseca (atriz
e realizadora, com Ilha Rá Tim Bum) e José Eduardo
Belmonte (Subterrâneos). Outros vêm da publicidade
ou da TV, como Flávia Moraes (que também realizou curtas,
e estréia com Acquaria, filme com Sandy e Junior como protagonistas),
Cláudio Torres (Redentor), Jorge Fernando (Sexo, Amor
e Traição) e Marina Person (Person, documentário
sobre seu pai, o cineasta), enquanto temos exemplos ainda como o de Kiko
Goifman, que trabalha com o audiovisual nos mais variados formatos (desde
vídeos a CD-roms e internet), que vem com o longa 33.
Ainda
sem data marcada, mas já muito aguardados e em finalização,
temos, principalmente, os filmes de Edgard Navarro (cineasta baiano
cuja obra de tons assumidamente marginais chamou muito a atenção
na década de 80), Eu me Lembro; e de Joel Pizzini, realizador
de alguns dos melhores curtas da década de 90, e que ultimamente
tem se dedicado ao documentário nos mais diferentes (e inesperados)
formatos, inclusive assim será o seu longa, 500 Almas.
A lista dos com primeiros filmes em realização, os quais
esperamos ansiosamente, pode incluir ainda o paraibano Marcus Villar
(que finalizava um longa sobre Ariano Suassuna enquanto planejava outro
sobre Jackson do Pandeiro), o jovem realizador e agitador cultural carioca
Frederico Cardoso (O Jogo da Velha), o roteirista e realizador
Sérgio Goldenberg (Bendito Fruto) e até mesmo,
porque não, o já mítico Chatô, de
Guilherme Fontes (dizer que não o esperamos ansiosamente, a essas
alturas, seria uma mentira). Este último, aliás, está
na frente duma lista de filmes em realização já
há alguns anos que inclui até mesmo o heróico contracampista
Daniel Caetano que, com um grupo de ex-alunos da UFF em direção
coletiva tenta finalizar (contra tudo e contra todos) o primeiro longa
metragem nacional de origem e realização exclusivamente
universitário, Conceição – Autor Bom é
Autor Morto. Fazem arte da lista ainda, pelos mais diferentes motivos,
Maria Moura, de Leilany Fernandes, O Caso Morel, de Ricardo
Favila, e aquele que seria o primeiro longa do Piauí, Cipriano,
de Douglas Machado.
Esperamos
ainda ver logo as estréias de algumas outras figuras das quais
esperamos menos do que as citadas acima, mas que ainda assim podem dar
em ótimas surpresas, como o jornalista José Emílio
Rondeau (que esperamos que, com 1972, seja menos esquemático
como cineasta do que suas matérias sobre cinema indicam); Heitor
Dhalia, com Nina (de quem poderíamos esperar muito pelo
curta Conceição, mas o que dizer do roteirista
de As Três Marias??); o roteirista Marcos Bernstein, com
Do Outro Lado da Rua (que tanto participa da concepção
de Central do Brasil como de Oriundi); ou mesmo Alice
de Andrade, filha de Joaquim Pedro cuja obra em curtas é extremamente
irregular (e que finaliza Diabo a Quatro).
Outros
filmes de estreantes em realização incluem (estamos aqui
incluindo apenas aqueles já em filmagem ou mais adiante, já
que projetos não-realizados todo mundo no Brasil parece ter um):
Cafundó,
de Paulo Betti e Clóvis Bueno; A Cartomante, de Wagner
de Assis e Pablo Uranga; Conspiração do Silêncio,
de Ronaldo Duque; Contra Todos, de Roberto Moreira; Dansa,
de André Arieta; Garrincha, de Milton Alencar; A
Ilha do Terrível Rapaterra, de Ariane Porto; Meteoro,
de Diego de La Texera; Oscar Niemeyer, de Henri Paillard; A
Pessoa é para o que Nasce, de Roberto Berliner; Por 30
Dinheiros, de Vânia Perazzo; Procuradas, de Zeca Pires
e José Frazão; O Quinze, de Jurandir Oliveira;
São Francisco, de Marcos Vinícius Cesar.
Os
que ainda não estrearam
Claro
que, no Brasil, tão importante quanto listar todas estas estréias,
é pensar em todos aqueles que ainda não estrearam, e ver
nisso o quanto este modelo permite de desperdício de talentos
(ou, no mínimo, estréias absolutamente tardias). Claro
que, para julgar este tipo de coisas, precisamos ter tido acesso a algum
trabalho anterior dos realizadores, seja em que formato fosse. Imaginamos
que, para além de todos estes, exista um universo muito, mas
muito maior de realizadores frustrados em realizar seu longa-metragem
(além, é claro, de todos aqueles que se satisfazem em
tantos outros formatos e não dão a mínima para
a realização de um longa).
Podemos
começar pela lista de curtametragistas de destaque recente (de
onde, Rafael Conde e Paulo Sacramento pularam para as estréias
em longa recentemente, ainda bem, e Belmonte, Villar, Torero e Pizzini
prometem ir em breve). Três cineastas possuem um projeto de longa
coletivo com Belmonte em pré-produção, mas também
possuem projetos pessoais de longa, alguns deles parados há anos:
o carioca Eduardo Nunes, o gaúcho Gustavo Spolidoro e o pernambucano
Camilo Cavalcante. Responsáveis por alguns dos mais premiados
curtas nacionais em safras recentes, esperamos que consigam realizar
seus projetos antes que se tornem promessas não cumpridas. De
uma geração levemente anterior, temos os colegas de curso
na USP de Paulo Sacramento (e, portanto, de produtora Paraísos
Artificiais, muito menos uma produtora do que um núcleo de idéias),
entre os quais citamos em especial Deborah Waldman e Paiolo Gregori.
Não possuímos informações quanto a possíveis
projetos em longa de nenhum dos dois, mas a obra em curta de ambos certamente
indica olhos e ouvidos cinematográficos apurados. Não
sabemos se os longas fazem falta a suas trajetórias, mas certamente
sua estréia em longas fazem falta ao cinema brasileiro. Outros
curtametragistas que precisam ser citados incluem Amílcar Claro,
André Luiz Sampaio (um dos co-diretores do longa Conceição),
Márcia Derraik e Simplício Neto, Paola Barreto, Fernando
Coster, René Sampaio, Philippe Barcinski, Eduardo Vaisman, Bruno
Vianna, José Pedro Goulart, Torquato Joel, Jane Malaquias, Ana
Luisa Azevedo e os animadores Arnaldo Galvão, Allan Sieber (que
tem projeto de documentário sobre Paulo Cesar Pereio em realização)
e Marcos Magalhães.
Como
se vê é muita gente que nos deve uma ida o mais rápida
possível ao cinema de longa metragem, se não por nada,
para garantir a energia e amor ao cinema que vêm garantindo a
seus filmes há tanto tempo nos curtas, e que talvez façam
falta a tantos e tantos longas que nos têm sido brindados nos
últimos anos.
Eduardo
Valente
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