Beto
Brant
(Matadores, Ação entre Amigos, O Invasor)

- Tendo lançado
seu primeiro filme recentemente, queríamos que você falasse
sobre a sensação posterior ao processo do filme chegar no
mercado e até as pessoas, comparando com aquele sonho de realizar
um filme, e com o processo tão duro de torná-lo realidade.
Em que a experiência te enriqueceu, em que você se decepcionou?
Nunca tive esquema
grande de distribuição. Percorri muitas cidades, universidades
e dialoguei muito com a imprensa. Muito se falou e foi escrito sobre O
Invasor. Me convenço de que vale a pena o batalho. Quero
continuar, pilhado, contando estas histórias. Procuro não
me envolver com a angústia e frustração da bilheteria
(os motivos são maiores do que nós) para preservar minha
viagem com o cinema. Desde quando abria estranhas portas de percepção
nas poltronas dos cineclubes até me dar conta de que estou
eu mesmo naquela de iludir uma realidade, fazendo crer num mundo paralelo:
20 anos luz-de-tela.
- Como você
vê o cinema brasileiro no momento atual, falando em termos de filmes
e estética?
Mundo em caos, filmes
caóticos. País hipócrita, filmes disfarçados.
Sociedade em movimento, filmes perturbadores.
Há uma onda
em que muita gente quer estar por dentro. Brechas de entendimento, nichos
antes intocáveis, iluminam possibilidades de irmos mais no fundo,
caminho sem volta. Depois do caos, a harmonia como conquista, ainda muito
distante.
- Quais as
expectativas para a entrada de um novo Governo, o que sempre significa
toda uma nova série de orientações para o andamento
da produção? Quais áreas você consideraria
as mais emergenciais em termos de ação deste Governo?
Inclusão como
palavra de ordem, democracia cultural, sem patrulhismo. Acesso aos meios
de produção, sem filiação. Invasão
civilizada dos meios de difusão oligopolizados, sem policiamento.
Tolerância e respeito com a diversidade.
|