Führer
Ex,
de Winfried Bonengel
Führer
ex, Alemanha, 2002
Vamos dividir a discussão em duas, antes de tudo:em termos absoluta
e simplismente fílmicos, este Führer Ex não
possui qualquer relevância. Nenhuma mesmo. Filmada com uma mão
de ferro absolutamente engessadora, que vai da linguagem da câmera
à montagem, passando pela trilha sonora e tratamente do atores,
o filme nunca chega a "funcionar".
Em termos narrativos,
o filme é primeiro um banal retrato de juventude transviada, depois
é um óbvio filme de cadeira, até ser no final uma
interessante reflexão político-social. Vale dizer que este
final ao qual me refiro são de fato 5 ou 10 minutos em 105 de projeção
no total. Um diretor que não consegue perceber e priorizar com
o material que tem na mão, para que o que há de mais interessante
no seu filme se sobreponha ao resto, não é de fato um diretor
que mereça lá muita atenção.
Mas, tratando o filme
do ressurgimento do neonazismo, um tema importante sempre, poderia se
alegar uma relevância extra-fílmica ao trabalho. Pois esta
até existe, mas não esconde na realização
uma certa fascinação pela violência em si, e talvez
até pelo visual e imaginário neonazistas. Esta relação
(embora com certeza vá ser completamente negada, como sempre) torna
o filme bastante complicado, ainda que mais complexo do que mais uma denúncia
tola. Mas, no filme todo, a sensação é que o filhinho
pegou uma gilete e está brincando com as coisas do papai: alguém
muito inocente pegou um objeto altamente perigoso, mas não sabe
muito bem o que fazer com ele ou como usá-lo. No caso da criança,
ainda bem. No do cineasta, não...
Eduardo Valente
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