Conclusão Estética

Em Nelson Pereira dos Santos fica mais ou menos estabelecido o que é linguagem padrão do cinema brasileiro. Um estilo aliás que deve (como diz Nelson Pereira) ser trabalhado e levado às últimas conseqüências e não abandonado a meio caminho. É uma linguagem ingênua de quem aprecia o cinema de fora e de amor a ele. De que não ousa enfrentá-lo com liberdade, viabilizá-lo num mau sentido. Descobre portanto os macetes corriqueiros, os trompe d'oeil que fazem a superioridadedos demais, a elipse, os monólogos, os silêncios. O cineasta brasileiro típico pouco medita, tem um processo mecânico de criaçãoe sobretudo parece não ter eu interior. Vê a realidade com olhos de câmera e não com os seus próprios. Estes ele os têm ainda desnorteados por uma ficção distante do mundo no qual pisa. Um bom exemplo de filme brasileiro, ou melhor uma prova de talento de diretor brasileiro seria o filme sem roteiroonde a improvisação predominasse e onde só se lhe permitisse um gozo da própria realidade. (Interior ou exterior e não um que fique a meio caminho, no papel). Barravento e Porto das Caixas seriam os paradigmas desta ficção e comprovam as minhas palavras. Com o CN parecem-se querer mudar esta situação e optar por um caminho mais autêntico, mais definitivo.

David Neves