Semana de arte moderna, de Geraldo
Sarno 
Brasil,
1971
Como
um bom filme de Geraldo Sarno, Semana peca por sua falta de investigação
formal e tenta fazer política a partir de um formato documental
clássico e semijornalístico.
Apesar das imagens
preciosas (subaproveitadas) e dos depoimentos históricos de gente
como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Antônio Cândido, Joaquim
Pedro e Zé Celso, o filme não consegue transformar em força
visual o conteúdo trazido pelas palavras de seus entrevistados.
Quando nos deixa ver
com maior liberdade as imagens de filmes como Macunaíma ou os registros
das montagem de O Rei da Vela, a "reportagem" de Sarno se enriquece
e cresce em significado:
Essa premissa histórica
da importância da Semana de Arte Moderna talvez seja o grande gancho
que Sarno soube capturar ao fazer dos últimos minutos do filme
uma verdadeira homenagem não ao passado mas aos desejos de renovação
de toda uma geração de artistas da década de 70.
A antropofagia modernista é trazida à tona na figura do
tropicalismo e do cinema de Joaquim Pedro.
* * *
Falta porém, ao filme, algo que o liberte da frieza analítica
e do discurso jornalístico baseado na voz dos cultuados especialistas.
Como uma boa mas enfadonha palestra, o filme se estende além de
sua capacidade visual de ser atrativo.
Um exemplo de que
mesmo dentro das experimentações possíveis dentro
do Globo Shell Especial, havia espaço para o clássico documentário-palestra-didática
(com um vigor ausente hoje dos canais especializados no gênero,
é verdade...) o que talvez apenas reforce a sua diversidade de
propostas.
Felipe Bragança.
Obs: Por seu valor
histórico visual, Semana de Arte Moderna necessita, urgentemente,
da recuperação de suas imagens: ameaçadas por perigosos
sinais de deterioração.
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