Editorial![]() ![]() Nelson Cavaquinho faz participação especial em Muito Prazer de David Neves | |
O cinema brasileiro definitivamente prega várias peças. Lembra muito bem de alguns cineastas e esquece completamente de outros. Em alguns casos, o tempo se escarrega de enterrar muita coisa desimportante, mas em outros casos acaba também por ignorar cineastas talentosos que, casualmente, não estiveram na crista dos debates estéticos e/ou dos movimentos do cinema brasileiro. Como Ozualdo Candeias. Ou então estiveram nas disuccões e nos movimentos, mas jamais conseguiram identificar-se a eles. Como David Neves. Como cineasta, crítico ou divulgador do cinema brasileiro, seu trabalho é hoje quase invisível, restrito no máximo às poucas sessões da madrugada no Canal Brasil. Com um cinema íntimo e frágil, David Neves foi quase o inverso do movimento do qual participou ativamente (como crítico e representante no exterior), o Cinema Novo. Sem a verborragia nem o esforço de totalização típicos do movimento, sem a inflamação política e a estética do choque, ficava difícil fazer a associação de seu cinema com as outras obras de seus colegas realizadores. Por isso, Contracampo propõe uma releitura de sua obra, e aposta que é possível fazer um Cinema maior em tom menor. Outra peça que o cinema nos prega também deriva do esquecimento. Mas, dessa vez, é de nossa memória física: a diretoria do MAM decidiu desfazer-se de seu acervo de filmes, causando celeuma (tardia, é verdade) no meio cinematográfico do Rio de Janeiro. Enquanto soluções são buscadas para que o Rio não fique sem cinemateca, Contracampo tenta criar soluções dentro e fora da revista para que o processo de fechamento da Cinemateca do MAM se dê sem prejuízo nem para o acervo nem para a cidade. Você pode juntar-se à revista em seu protesto clicando aqui. Se as convulsões do cinema carioca atrasaram a nova edição em cerca de 15 dias, também não foi para menos. Acrescida à pauta David Neves, decidimos compensar a paciência dos leitores com uma extensão em matéria de Dossiê: são mais de quinze documentos inéditos sobre a carreira cinematográfica e crítica de David Neves. Completam a revista a segunda parte de nossa cobertura do festival de documentários É Tudo Verdade, cobertura dos festivais de Recife e Curitiba e um texto ainda a propósito da mostra Cinema Marginal e suas Fronteiras. Boa leitura. Ruy Gardnier
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