A
Tomada da Embaizada,
de Ciro Duran
La toma de la embajada,
Colômbia, 2000
A esquerda revolucionária
latino-americana teve suas vitórias. Poucas, mas relevantes. A
tomada da embaixada não é uma delas.
Fazer revoluções,
mudar o mundo, trocar concepções antigas, construir uma
nova sociedade é um trabalho árduo que não pode ser
feito pautando-se nos valores que se combate. Ver A tomada da embaixada
como uma conquista que nos levará na direção dessa
mudança é absurdo. O filme começa pecando por não
apresentar um mínimo de ousadia estética e termina fazendo
uso de um sistema de difusão ideológica que é torto
quando não é muito bem usado: o cinema. Passar mensagem
através dele é já estar de alguma maneira enquadrado
em um sistema comunicação de massas, burguês e inócuo.
Por isso, em respeito aos guerrilheiros que ainda existem e aos que já
morreram, é melhor pensar A tomada da embaixada como apenas
um filme contador de história.
Mas ao fazer isso
situação piora muito mais. Qualquer filme conta uma história
melhor que esse. Alguns poderão argumentar que é um filme
de baixo orçamento, feito por apaixonados e envolvidos. Mas isso
não pode justificar nenhuma obra artística. Se tivessem
usado o dinheiro do filme em uma ação armada talvez fossem
mais bem sucedidos.
Sem querer discutir
política, me detendo agora nos aspectos cinematográficos,
já que é disso que se deve falar em um festival de cinema,
não me sinto culpado de dizer que o filme não tem valor
algum. Se já desacreditei esse tipo de ação cinematográfica
para um movimento revolucionário a única forma de justificar
e aceitar uma obra dessas passa por seu trabalho de cinema. E isso é
muito precário. Sem partidarismos, este filme, como filme, não
serve para nada. O roteiro é muito ruim. As atuações
são muito ruins. A iluminação é muito ruim.
Falha ao querer chamar a atenção para a causa revolucionária
e falha ao simplesmente narrar o acontecido.
Se fosse eu, compraria
vários fuzis e distribuiria entre a equipe. O resultado seria mais
consistente.
João Mors Cabral
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