O Sobrevivente,
de Daniel Minahan


Series 7 - The Contenders, EUA, 2001

 

Tentativa fácil de ironizar os programas de reality show que pipocaram nas Tvs de todo o mundo nesses últimos anos, O Sobrevivente consegue o que parecia ser muito improvável: é extremamente menos interessante do que seus objetos de sátira. Qualquer episódio de um No Limite é mais interessante do que esse falso jogo de ultra-violência que não consegue realizar nada além de ridicularizar seus personagens, sua própria trama e repetir de forma direta os vícios da televisão.

Ironia pressupõe ao menos duas camadas de leitura das imagens: uma do que se vê, outra do que se pretende revelar além do visível. Porém, no filme de Minahan, não é possível desmembrar essas duas camadas: as atrações mais interessantes de um No Limite são as observações dos personagens/pessoas reais se colocando diante da câmera e agindo como atores que tentam se construir como Vencedores. Em O Sobrevivente, por se tratar de um filme de óbvia ficção, essa relação se perde totalmente. Soma-se a isso o exagero da trama do jogo de gato e rato e temos um absurdo tão grande que distancia o filme de seus próprios objetivos de ironia. O filme se transforma aos poucos numa ridicularização de si mesmo... e se esgota.

Talvez se tivesse tentado uma paródia mais sutil, uma ironia menos gritante, tivesse conseguido atingir seus objetivos de crítica. Mas seria mesmo essa a tentativa do filme? Por vezes, parece mesmo tratar-se apenas de uma comédia de muito mau gosto, de um humor grosseiro e cujo uso da violência beira, realmente, o ridículo...

Felipe Bragança