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A intencional rudeza do cinema de Candeias torna-se mais evidente em seus filmes de narrativa linear, como é o caso de Meu Nome É Tonho. Foi seu segundo longa, após A Margem, e deste difere totalmente, ao procurar uma proximidade com o gênero do faroeste. O filme é um barato, e não há preocupação em delineações psicológicas dos personagens. O que há é aquele riso constante, incômodo, desconfortável, assustador, que parece se alastrar por todo o filme. A clássica história de um bando de malfeitores que aterroriza uma região é tropicalizada, tematizando o problema da grilagem, até hoje constante Brasil afora, basta ler as notícias do que ocorre na periferia da capital federal. Os bandidos do filme matam os habitantes da área e vão tomando posse legal de suas terras, enquanto abusam de suas mulheres. O clima sexualizado
e violento da história tem um ar irônico e tremendamente
pessimista, algo constante em vários outros filmes do cara. A sexualidade
é suja, tosca e bem-humorada (os bandidos comemoram a idéia
de invadir um convento, por exemplo), a violência surpreende também
por sua rudeza (há, em outro exemplo, uma velha espancada, de forma
assustadoramente realista). A fotografia é do mestre Peter Overbeck, fotógrafo do Bandido da Luz Vermelha, que já tinha feito a luz do curta de Candeias que compunha a Trilogia do Terror, O Acordo. A música é de Paulinho Nogueira, incrível. A sujeira intencional do filme se mostra logo nos créditos iniciais, que parecem não estar bem ajustados. Na verdade, é bem mais difícil fazer daquela forma, refletindo a luz nos letreiros. Mas a impressão é de mal-feito, e a intenção é essa. E aqueles risos... Daniel Caetano |
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