Editorial



Valéria Vidal recebe uma flor em A Margem de Ozualdo Candeias

Novo ano, mas vida nova? No que tange a redação da Contracampo, sim. No que tange o nosso perfil de revista, também. Pois essa edição, mais do que uma edição especial, é o primeiro trabalho sistemático por nós realizado para a tentativa de compreensão de uma obra. E essa obra merece todo esse esforço, pois afinal trata-se de uma edição especialíssima tentando abarcar toda a carreira de um dos maiores realizadores do cinema brasileiro, e infelizmente o mais esquecido de todos: Ozualdo Candeias. Dono de um vigor de cinema e de uma assinatura inigualável em comparação com qualquer outro cineasta daqui ou do mundo, Candeias merece essa homenagem, e esperamos que esse trabalho conjunto sirva para alçar o nome desse realizador até a altura que ele merece. Além de um acompanhamento filme a filme (são cobertos aqui todos os nove longa-metragens dirigidos por ele, assim como os médias e os curtas), publicamos uma longa entrevista, um roteiro (o de Manelão), assim como algumas apreciações gerais, entre as quais a de... a de...

...nossa próxima novidade: sendo uma revista jovem (20 a 25 anos de idade) e ilhada de reflexão cinematográfica por vinte anos-mar, surgiu a necessidade de dialogar com os últimos herdeiros de uma tradição crítica que, se não constituiu um único método (o que é muito mais vantajoso do que deplorável), em matéria de ânimo é incomparável a qualquer outra no mundo. Influenciados que somos pela geração crítica do cinema marginal, é com muito prazer que apresentamos a primeira colaboração de Jairo Ferreira, que também recebe uma pauta toda própria, pela ocasião do relançamento da preciosidade que é Cinema de Invenção, um livro de uma vida. Mas nossas novidades não param por aí. Continuada a necessidade de dialogar com outros perfis de cinefilia e de visão de cinema (porque de formação em épocas diferentes), apresentamos dois interlocutores fabulosos, dos senhores de erudição em matéria fílmica, que virão somar esforços bimensalmente em suas colunas: Hernani Heffner, diretor de conservação do MAM-Rio, grande conhecedor de cinema (de ici e de ailleurs) e antigo parceiro da revista, e Ricardo Miranda, cineasta e montador, dono de uma radicalidade interpretativa que poderá ser observada a cada dois meses. No próximo mês, surpresa!, mais dois autores, mais dois pontos de vista que importam, mais dois interlocutores de outras áreas & outros modos de ver, tentando tornar Contracampo mês a mês uma revista mais completa, no diálogo com outros campos de saber e, claro, com o leitor, que á para quem a revista é feita. Boa leitura!

E só pra lembrar, vote até o dia 28 nos melhores filmes de 2000. Resultados na edição de março. Link lá em cima.

Ruy Gardnier