Time Code,
de Mike Figgis


Time Code, EUA, 2000

Ruídos difusos, confusos, passeiam na tela em forma de luzes e recortes de imagem... Aos poucos a tela se divide em quatro e em cada um desses quartos, Time Code se inicia... Desde o começo, não se sabe muito bem para onde é que se encaminha a "grande sacada" de Mike Figgis... E creio realmente que a lugar algum!

Figgis conseguiu a incrível façanha de não só fazer mais um filminho modernex sobre a "loucura dos dias atuais", mas a de fazer quatro, e ao mesmo tempo... Quatro narrativas medíocres, interpretadas de forma destoante e com uma movimentação de câmera "improvisada" que parece só querer deixar o filme ainda mais "louco, paranóico, essas coisas..." Por incrível que possa parecer, afirmo que não há nada de novo no filme revolucionário que Figgis e uma de suas personagens pretenderam fazer: são pequenos dramas esteriotipados embrulhados de "novidade".

Como é que pode um diretor do tipo "antenado" como Figgis, colocar na boca de uma de suas personagens o discurso da não-montagem como forma de se fazer um filme mais "verdadeiro", que esteja para além das aparências?... É mesmo ridículo como é só alguém ter uma idéia nova para se considerar mais perto da Verdade do que estava antes de tê-la ...

Para um diretor assim, só valeria um recadinho: se queremos um filme com fluência, onde as imagens realmente nos saltem aos olhos e nos façam nos remexer na cadeira, não precisamos de nenhum formato que não a boa e velha janela do enquadramento de um Bruno Dumont, de um Tsai Min Liang, e de um imprescindível Antonionni... Onde silêncio, câmera estática e tempos suspensos, falam muito mais da relação humana com seu espaço e tempo, do que a frenética papagaiada de Time Code...

Por fim, o mérito de Figgis fica mesmo em função da "sacada" deste formato que , passada a ressaca dessa "bomba" e colocada nas mãos de um bom diretor, ainda pode gerar frutos extremamente interessantes...

Felipe Bragança