Uma
Semana na Vida de um Homem,
de Jerzy Stuhr
Tydzien
z zycia Mezczyzny, Polônia,
1999
O título do filme
descreve perfeitamente a narrativa que Stuhr desenvolve. Há, de fato,
créditos ao longo do filme que identificam dia a dia, de segunda a domingo.
E a idéia é bem essa mesmo: mostrar sete dias na vida de um homem comum.
Sete dias que, devemos supor, não são muito diferentes de outros sete,
e da mesma forma um homem que não é muito diferente dos outros. Até aí,
tudo bem. Agora, o que complica o filme é que, na verdade, por trás desta
simplicidade, há uma tese que o diretor parece querer comprovar: que todos
nós seres humanos enfrentamos a cada dia dilemas éticos seríssimos, e
que a fronteira entre a escolha certa e a errada é muito tênue, se é que
existe. No caso do personagem principal, o diretor inteligentemente o
coloca como um advogado, portanto na posição dúbia de tentar no seu trabalho
dar respostas (culpado ou inocente), enquanto sua própria vida é um apanhado
de dúvidas.
Talvez não seja verdade
que esta semana deste homem seja tão comum assim, afinal ele adota um
filho, compra uma casa, descobre que a mãe tem câncer, termina um relacionamento
extraconjugal. Mas, os fatos em si não são tão importantes quanto a encenação,
e é esta que tenta dar a tudo isso um tom cotidiano. O que impede o filme
de alçar maiores vôos, porém, é a sua prisão à sua tese. O que poderia
ser louvado pela coerência, na verdade serve como uma algema pois uma
vez que o espectador entenda aonde o filme tenta chegar (e ele pode perceber
isso bem cedo), todas as cenas subsequentes serão neste sentido. Com isso
a própria narrativa parece enclausurada.
Em alguns momentos/situações
há um algo mais, como na música que o personagem ensaia no coral, cuja
letra é quase um manifesto do diretor. Ou ainda na cena final na igreja,
bela porque dá uma transcendência a todo aquele realismo. Ou ainda as
cenas de tribunal, pois elas sutilmente comentam o filme sem serem tão
diretas na mensagem. Infelizmente, o filme confia pouco nestes momentos,
resultando num estudo de tema até instigante, porém frio e direto demais
para ficar na memória como uma obra maior, que até poderia ser.
Eduardo Valente
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