Minazuki,
de Rokuro Mochizuki
Minazuki, Japão,
1999
Minazuki não tem muito de original.
O argumento é bastante comum e previsível. Um contador pacato
abandonado pela mulher, que levou o seu dinheiro, sai a sua procura ajudado
por seu cunhado, um integrante de uma máfia (yakuza?). Junto com
eles vai uma prostituta por quem o simples trabalhador já havia
se apaixonado. O filme conta uma saga do trio através do Japão
até encontrar quem procuravam. Uma trama de mafiosos se insere
no meio dos acontecimentos, sendo o amante que tira a mulher do lar do
contador um fugitivo da máfia que tem dívidas e teme por
sua vida.
O que chama a atenção nesse
filme é o tratamento um tanto irregular que permeia todas as situações.
Repleto de rompantes de violência, entremeados de momentos de ternura,
esses são os únicos classificáveis com facilidade.
E mesmo assim, parecem deslocados e pouco funcionais. O resto, fica imerso
em um limbo de indeterminação. A ação transcorre
como uma irrealidade que, sabendo que os fatos são desencadeados
com uma relação de causalidade, não a deixa muito
clara.
Assim, os momentos violentos são bastante
exagerados e tomam lugar logo após já estarmos com a impressão
que não seria algo do tipo que aconteceria. Não é
possível traçar um padrão para a ação.
Diferente dos filmes de Takeshi Kitano, onde
a surpresa com a violência também está presente, nesse
Minazuki até as cenas simples e sem maldade são inesperadas
e conduzem a algo impensado. O extremo é o desenlace, onde tudo
se resolve para os personagens, mas não para o público que
fica com a curiosidade aumentada.
Minazuki é o filme onde os
clichês são readaptados e renovados. Dos vícios de
roteiros até o final piegas, tudo ganha um ar de novidade que só
é alcançado graças à frustração
das expectativas normais do público. Grande prova de que a criatividade
pode surgir nos modelos velhos, bastando retrabalhá-los. Parece
uma boa crítica a tudo que já foi usados em produções
do gênero. Aqui, os acontecimentos estão desmontados, mas
reconhecíveis.
João Mors Cabral.
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