Jonas
e Lila, 25 Anos Depois,
de Alain Tanner
Jonas et Lila, 25 Ans Après,
Suíça, 2000
O cinema de Alain
Tanner repousa sobre um triste dispositivo: o clichê da elegância
e do bem-estar burguês-intelectual-de-esquerda. Em Jonas e Lila
não é diferente. Os personagens são o supra-sumo
do chique: ele está terminando o curso de cinema e preocupa-se
com o lixo mundial; ela trabalha numa loja de discos, mas não tem
tino para ser escrava: revolta-se quando vê uma injustiça
e dá opiniões sinceras aos clientes e, nos tempos de ócio,
gosta de ler em voz alta os filósofos ("mesmo que não
entenda muito").
A história
do filme é interessante, e resulta num desses ciclos como a pentalogia
de Antoine Doinel dirigida por Truffaut. Em 1975, Tanner filmou Jonas
Que Terá 25 Anos no Ano 2000. No ano 2000, ele filma o mesmo
Jonas, enfrentando os perigos do começo da idade adulta, com Lila,
uma negra deslumbrante de quem está noivo. Os dois enfrentam com
determinação todos os problemas que têm, incluindo
a presença de uma segunda mulher. Tudo mostrado com muita complacência
e mostrando a beleza da nova juventude: tolerância sexual, esperança
no mundo por vir, preocupação com o dstino do mundo...
Jonas e Lila
nos apresenta o sonho cor-de-rosa de um novo futuro e jovens preparados
para ele. É a esquerda utópica típica do conformismo
dos dias atuais, onde qualquer atitude deve ser motivada por um voluntarismo
político e por um ideal festivo de esquerda que, até hoje,
nunca mudou nada. É a celebração de como nossos jovens
são bons e belos, tomam belas resoluções para suas
vidas e irão mudar os problemas do mundo se se preocuparem muito
com isso. Parece o mundo que você conhece? Não, né?
Mas é igualzinho ao mundo da publicidade, esse mundo (igualmente)
utópico em que todos os nossos desejos serão algum dia realizados.
Jonas e Lila não é cinema, é massagem publicitária
no ego de uma geração. United Colors of Benneton.
Ruy Gardnier
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