Gente Famosa,
de Griffin Dunne


Famous, EUA, 2000

Quando pensávamos que os cineastas americanos já tinham aprendido a lição com 20 encontros, exibido no Festival de 99, Gente famosa vem e nos mostra que, muito pelo contrário, filmes como esses fazem escola por lá. O que é de se lamentar já que se trata de um cinema pretensioso e nada inovador e inteligente.

Gente famosa é repleto de pensamentos rasos e considerações infelizes que tentam problematizar e polemizar a instituição americana da fama. Mas se ficasse apenas nisso não chegaria a ser tão ruim. A forma como o filme se organiza, se passando por documentário, mostrando uma atriz que está quase se tornando famosa, é metalinguagem de péssima qualidade. Não vejo como pode chegar a despertar o interesse de alguém uma idéia tão velha que ainda exagera nos elementos cinematográficos que caracterizam o gênero documentário, pasteurizando tombos, brigas, tomadas "escondidas".

Se a intenção do diretor era provar que era capaz de organizar o discurso cinematográfico de tal maneira que conseguiria ordenar até o caos do documentário, passou longe de obter sucesso. Mas para a sua patota Griffin Dune mesmo assim é genial. Vendo a lista de celebridades e intelectuais novayorkinos que faz parte de seu filme é de se espantar a condição de mestre que ele parece ocupar. A produção ficou a cargo de Mira Sorvino. Vemos Spike Lee e Charlie Sheen atuando quase de graça.

Nesse ponto, o único problema que Gente famosa levanta é quanto ao futuro do cinema em um lugar que parece gostar de filmes tão agressivamente insípidos.

Preocupante.

João Mors Cabral.