Final Feliz,
de Ji-Woo Jung


Happy End
, Coréia do Sul, 1999

O filme começa muito bem: uma cena de sexo extremamente bem filmada e encenada, cheia de tesão e fúria. Na seqüência, um personagem aparece numa livraria, onde lê os livros, mas nunca compra. Parece excepcionalmente promissor. Ledo engano. Final Feliz engana o espectador enquanto ele está desvendando quais são as intenções do diretor, que história ele vai contar. Uma vez que se perceba, porém, que o filme nada mais é que uma simples história de adultério e crime, ele revela sua face mais sombria.

Sim, porque ele podia ser apenas uma bem contada história de adultério e crime. No entanto, a encenação e a tomada de posição do diretor são absolutamente assustadoras: o que estamos assistindo é uma defesa do assassinato premeditado em casos de adultério. Cornos raivosos, uni-vos, este é o seu filme. Mas, poderia ainda assim ser só um ingênuo equívoco. Só que, ao tentar mostrar toda sua "modernidade" e agilidade narrativa, o diretor mergulha de cabeça na área do sadismo audiovisual. A cena do crime é pusilânime, como de resto todo o desenvolvimento final da trama. Mais palavras não devem ser gastas com este filme, sob nenhuma hipótese. O principal e mais importante é: Final Feliz é tudo de mais conservador e retrógrado que o cinema pode produzir, especialmente preocupante por se esconder numa embalagem moderninha e referencial.

Eduardo Valente