Entre
as Estrelas,
de Chang Wai-hung
Among The Stars,
Hong-Kong, 1999
Cantonês,
Hong Kong,
indefinições amorosas... de início brota um déjà-vu
e pensamos que bem poderia ser Wong Kar-wai na direção.
Mas a partir da primeira imagem do filme, a impressão se revela
falsa: a opção de Chang Wai-hung é por um naturalismo
extremo da linguagem cinematográfica. Nessa opção
naturalista, incorporando personagens fictícios à vida real
de uma cidade impressionante como Hong Kong, surge todo o interesse do
fiolme, a graça e a leveza de diversas passagens e, aparentemente,
a maior força do diretor.
A intriga
gera em torno das vidas de três mulheres de idades diferentes, das
quais uma é catapultada à posição de protagonista.
É Lin (interpretada por Chan Shanshan, atriz que brilha pelo comedimento
das emoções), que vive uma crise em sua vida: deixou um
casamento que estava em ruínas, cogita sobre relacionar-se com
um antigo amigo, relaciona-se com estranhos. Sua vida privada é
pública: todos os momentos mais importantes de sua vida recente
acontecem no espaço público dos restaurantes, do trabalho
ou até mesmo da rua. Na rua, surge o momento mais rico do filme,
quando, num trevo rodoviário, acompanhada por uma sinfonia de carros,
ela conversa ao telefone celular com seu ex-marido. Vendo-a está
uma menina de colegial, que a partir da ocasião escreve ujma redação
de colégio (e que logo percebemos que será uma futura Lin,
que ela gostará de chorar em público como ela, de poder
sentir a intensidade de sentimentos que seu ícone sentiu).
Entre
as Estrelas, contudo, não é uniforme no que diz respeito
ao interesse. Aos poucos, o filme dá voltas sobre os mesmo temas
e a opção pela direção naturalista
não há grandes lances estéticos no filme, só
o registro da câmara não consegue sustentar o filme
até o final. Ao fim, vemos a modéstia do projeto: tudo que
Entre as Estrelas alemja é ser um pequeno drama cotidiano
para refletir sobre a vida sentimental-sexual das mulheres de hoje. E
isso ele faz.
Ruy Gardnier
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