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Anos de Motivos Para Ir
ao Rio e a São Paulo
O cinólatra
que se dê ao respeito e resida ou no Rio ou em São Paulo não possui desculpa
possível: precisa frequentar o Festival do Rio E a Mostra de São Paulo.
Existem os ingênuos que acham que a “programação é parecida”. Existem
ainda os que acham que “o principal vai estrear”. Por último existe o
problema mais sério da impossibilidade financeira. No entanto, se as duas
primeiras são afirmativas burras como iremos tentar provar aqui, a última
não é desculpa para o verdadeiro cinólatra. Certo, realmente passar o
mês inteiro vendo filmes não é privilégio de todos. Mas, uma passadinha
de 4 a 5 dias na cidade em que não se vive é uma necessidade de quem realmente
pense em conhecer o cinema atual do mundo, assim como os clássicos. Não
tem o que argumentar: economize um pouquinho ao longo do ano (as mostras
são sempre na mesma época), pegue um ônibus convencional, arranje amigos
nas cidades (nada difícil, aliás). Em suma, desculpas não servem. O cinólatra
vai, e pronto.
E por
que o cinólatra tem tanto assim que ir? Bem, em 1995 eu comecei a frequentar
a Mostra de São Paulo (como carioca, já ia a Mostra Banco Nacional/Mostra
Rio/Rio Cine/ Festival do Rio desde 1989). Desde então, nunca deixei de
ir a Sampa, algumas vezes por 20 dias, outras por 4. Nem no Rio, já vi
70 ou 15 filmes, de acordo com o trabalho. O que importa é que há sim
pérolas a cada ano que não se pode deixar de ver, muitas vezes oportunidades
únicas para quem acredita na magia da sala de cinema. Este texto tentará
mostrar algumas destas pérolas, ao longo de 5 anos de cinolatria. Filmes
que não foram exibidos no circuito comercial, e nem mesmo na outra mostra
do país, com isso ficando restrito a um dos eventos apenas. Uma chance
única. Destaque-se ainda que, a título de argumentação, uso apenas os
filmes e diretores mais conhecidos, mas, especialmente na Mostra de São
Paulo, muitas vezes sua força está nas garinpagens de pepitas escondidas
e desconhecidas. Bem, vamos a 5 anos de maravilhas:
1995
– Mostra de São Paulo
Cinzas do Passado (Wong Kar Wai), Thalassa Thalassa (Bogdan Dumitrescu),
Cardiograma (Darezhan Omirbaev), Geração Maldita (Gregg Araki)+ Retrospectiva
Mohsen Makhmalbaf, Retrospectiva Gabriel Figueroa
1995
– Mostra Banco Nacional
Flirt (Hal Hartley), Ovos (Bent Hamer), A Bíblia de Neon (Terence Davies),
Os Irmãos Mc Mullen (Edward Burns), Apresentando Lars Von Trier (5 filmes)+
Retrospectiva Jacques Tati, Retrospectiva Buster Keaton
1996
– Mostra de São Paulo
Filhos (Zhang Yuan), Bandoleiros (Otar Iosseliani), Febre Gelada (Fridrik
Thor Fridriksson), Facciamo Paradiso (Mario Monicelli), Nitrato de Prata
(Marco Ferreri), Festa (Manoel de Oliveira), Adeus Ao Sul (Hou Hsiao Hsien)
+ Retrospectiva Theo Angelopoulos + Eizo Sugawa
1996
– Mostra Rio
Libertarias (Vicente Aranda), Chan Sumiu (Wayne Wang), O Jogo/Outubro
(Abderrahamane Sissako), O Tempo (Souleymani Cissé), Ponto de Encontro
(Steve Buscemi), Tykho Moon (Enki Bilal), La Strada (Fellini), Kanal (Andrzej
Wajda) Retrospectiva Agnès Varda
1997
– Mostra de São Paulo
Senhorita Ninguém (Andrzej Wajda), A Casa (Sharunas Bartas), Terra (Julio
Medem), + Retrospectiva Shohei Imamura
1997
– Mostra Rio
Domingo é Dia (Jonathan Nossiter), Superstar (Todd Haynes), Imagens Eslovacas
+ Retrospectiva Yasujiro Ozu
1998
– Mostra de São Paulo
Sonhos Gelados (Jan Troell), Depois da Vida (Hirozaku Kore-Eda), Peixes
de Agosto (Yoichiro Takahashi), O General (John Boorman), Matador (Darezhan
Omirbaev) + Retrospectiva Kenji Mizoguchi, Retrospectiva Dusan Makavejev
1998
– Mostra Rio
Year of the Horse (Jim Jarmusch), Pi (Darren Aronofsky), A Vida é Tudo
que Temos (Wolfgang Becker), La Classe de Neige (Claude Miller), O Amor
é o Diabo (John Maybury), The War Room (DA Pennebaker), Rápido Barato
e Fora de Controle (Erroll Morris) + Retrospectiva Roberto Rossellini
+ Retrospectiva Satyajit Ray
1999
– Mostra de São Paulo
El Vento se Llevo lo Que (Alejandro Agresti), Moloch (Alexander Sokurov),
Sombra (Philippe Grandieux), Amantes – Dogma 5 (Jean Marc Barr), O Passado
(Ivo Trajkov), Domingo Lindo (Tetsuya Nakajima) + Retrospectiva Seijun
Suzuki
1999
– Festival do Rio
eXistenZ (David Cronenberg), Dr. Akagi (Shohei Imamura), Fim de Agosto,
Começo de Setembro (Olivier Assayas), Kiemas (Valdas Navasaitis), O Lixo
e o Sonho (Lynn Ramsey), O Olhar do Outro (Vicente Aranda), Bairro (Fernando
León de Aranoa), Retrospectiva Andrei Tarkovski+ Retrospectiva John Cassavetes
+ Retrospectiva Roberto Farias
E tudo
indica que quem perdeu os eventos em 2000, vai ficar sem ver os seguintes
filmes (atenção: esta é um alista provisória, já que filmes podem ser
comprados para distribuição, ou ainda, podem ser exibidos em 2001 pelo
outro festival).
2000
– Mostra de São Paulo
Canções do Segundo Andar (Roy Andersson), Sonhos de Domingo (Yoichiro
Takahashi), Liberdade (Sharunas Bartas), Dolce (Alexander Sokurov), A
Ilha (Ki-Duk Kim), Vidas (Alan Cavalier)
2000
– Festival do Rio BR
Rosetta
(irmãos Dardenne), Cradle Will Rock (Tim Robbins), No Quarto da Vanda
(Pedro Costa), Volaverunt (Bigas Luna), Pan Tadeusz (Andrzej Wajda), Pelo
Sim Pelo Não (Cedric Klapisch), Himalaia (Eric Valli), Carisma (Kyioshi
Kurosawa), Nossa Senhora dos Assassinos (Barbet Schroeder), + Retrospectiva
John Waters, Retrospectiva Gillo Pontecorvo, Retrospectiva Ken Loach
Eduardo
Valente
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