Simão, O Fantasma Trapalhão,
de Paulo Aragão
(Brasil, 1998)

 

Um filme dos Trapalhões sempre foi, antes de tudo, uma fábula. E seus melhores filmes ocorreram quando houve confiança na fábula a contar, independente da maestria do diretor (os diretores que trabalharam com os Trapalhões, excetuando Roberto Farias, jamais passaram de artesãos). E em Simão, O Fantasma Trapalhão, adaptação do conto O Fantasma de Canterville, de Oscar Wilde, não podemos exatamente dizer que houve apego à história. Essa última acaba sendo um arremedo para que se possam incluir as atrações musicais costumeiras. O diretor Paulo Aragão não tem uma mão leve o suficiente para a comédia, e todos os esforços dos comediantes, sobretudo de Renato Aragão, parecem ser inúteis para tirar o filme do pouco calor próprio que ele tem.

Resta ao espectador, enfim, ficar sorrindo com a ingenuidade sempre bonita do personagem Didi, seu desejo de ajudar os outros – e rezar para que o próximo filme de Renato Aragão tenha um diretor que saiba aproveitar seu grande talento de comediante, mas dessa vez com um argumento menos empolado e mais interessante.

Ruy Gardnier