Halloween H20: Vinte Anos Depois,
de Steve Miner
(EUA, 1998)

Vi H20 - Halloween 20 Anos Depois da melhor forma possível. De graça, com uma companhia agradável, numa pré-estréia no Art-Tijuca repleta de tijucanos berrando a cada susto. Ainda por cima, era uma noite fria e tempestuosa. Ou seja, puro entretenimento. O tempo passou como água e os minutos pareceram décimos de segundos. Deus me livre esse negócio de sétima-arte.

Porém, deixando de lado o lado pessoal (embora seja besteira esquecer que a maneira em que se vê o filme influencia para a sua avaliação), H-20 pelo menos parte de uma idéia interessante: utilizar a atriz principal do primeiro episódio (Jamie Lee Curtis, que se consagrou depois) para uma retomada da história. Ela era a irmã original que o assassino Michael Myers caçou no Halloween I do nosso querido John Carpenter. Com isto, então, desprezou-se todas as continuações desse proto-Sexta-feira 13. Mas as boas intenções param por aí.

O mais curioso, no entanto, é avaliar a imortalidade dentro do cinema. Um garoto tijucano gritava atrás de mim: "Jamanta não morreu! Jamanta não morreu!". E ele estava certo na comparação. Além da semelhança, Michael Myers faz parte do hall deste neo-ícone da vida eterna: assim como Jason, Superman, Elvis Presley e José Sarney, Myers é um imortal. Mas, como todos sabem, depois de matar a rodo e de sofrer o diabo, ele irá tombar de uma forma ou de outra no final. E mesmo não sendo o ciborgue hiper-resistente do Exterminador do Futuro, até que ele se sai bem nas provas de resistência. E faz a platéia berrar, o que é o mais importante. O cinema é a arte metafísica onde se pode comprovar por imagens a reencarnação ou a ressurreição de Cristo ou do mendigo ali da esquina. Não há nada mais que um efeito especial, computação gráfica ou uma simples montagem possa fazer. No final, pelo menos, La Curtis corta a cabeça do maninho, não dando nenhuma expectativa para uma continuação (afinal de contas, com decaptação nem highlander sobrevive). Ops, contei o fim do filme.

No mais, é isso. Nosso amigo Steve Miner, fez uma direção meio micosa, mais até que teria se saído bem se fosse um estreante. Jamie Lee Curtis continua com aquele corpinho de balzaca responsa que deus lhe deu, só que sem direito nem mesmo a um decote ou roupa justa (grande furo do filme). Os atores são fracos como de costume (com excessão de Jamie e alguns poucos), 90 % dos sustos são enganosos e todos os de moral duvidosa são devidamente executados (menos o negão, claro, que seria politicamente incorreto). Ah, destaque especial para o penteado esquisitão do garoto protagonista. Um adolescente da cadeira ao lado disse sabiamente: "ih, aí, o cara mesmo corta o cabelo!" (gosto destes caras porque são os críticos mais diretos). Só nos resta esperar então o Halloween 20 mesmo ou um H-25 ou 30. Que os Já-malas-antas sobrevivam nas novelas e nos cinemas para a alegria dos tijucanos.

Christian Caselli